GERÚNDIO #1: HUCK



Não, eu não errei a gramática ao me referir ao gigante verde com problemas de controle de raiva. Tampouco se trata de algo relacionado ao apresentador global de nariz protuberante. A HQ mais recente que li foi "Huck", de Mark Millar (Supremos, Kick-Ass, Guerra Civil, Kingsman) e com desenhos do brasileiro Rafael Albuquerque (Vampiro Americano). Na história conhecemos o personagem homônimo que vive secretamente em uma cidade pequena e usa seus poderes para ajudar os habitantes locais.

Abandonado quando bebê e trabalhando em uma estação de gasolina na fase adulta, Huck personifica o significado de altruísmo. Ao elaborar listas de boas ações diárias ele parece direcionar sua vida exclusivamente para deixar as pessoas ao seu redor mais felizes. Em parte pode-se concluir que tal comportamento é oriundo da natureza gentil de Huck ou até mesmo da carência que ele apresenta por conta do abandono que sofreu na infância.

Além de força e agilidade superiores outro poder apresentando por Huck é a sua habilidade de rastreamento. A partir de alguma foto ou nome ele consegue encontrar qualquer objeto ou pessoa, como uma corrente de ouro, um cachorro desaparecido e um filho sequestrado. A característica de "bom moço" de Huck é tamanha que por vezes parece caricato. Em uma de suas intervenções, inclusive, ele chega ao cúmulo de "não bater em pessoas com óculos".


O enredo se desenvolve quando os poderes de Huck são expostos na mídia, tornando-o alvo da imprensa e de políticos locais. A revelação das suas habilidades também o coloca no centro de uma trama que leva ao reencontro com sua mãe. Conhecemos então o motivo que a obrigou a se separar de seu filho e sua história pregressa, onde vemos que a mãe de Huck também possui super poderes. Além da velocidade e força ela também apresenta poderes psíquicos que a permitem controlar as ações de outras pessoas. Uma espécie de Kilgrave do bem.


Com seis edições "Huck" é uma minissérie que consegue aliar elementos de ação com uma visão romântica dos heróis da Era de Prata dos quadrinhos. É difícil conhecer Huck e não realizar a associação com o Superman clássico, que colocava as necessidades de terceiros acima das suas e simplesmente não conseguia ignorar uma pessoa que precisasse de ajuda. Esse parâmetro é realizado por toda a história, colocando o bom coração de Huck como o fator que impulsiona suas ações. 

Ou seja, Mark Millar que é mais conhecido por suas obras massa véio consegue entender e criar um personagem com camadas profundas e com senso de justiça altruísta. Algo que o diretor Zack Snyder, por exemplo, não conseguiu fazer com o Superman nos seus dois últimos filmes com o personagem. Mark Millar ainda concede a sua HQ um caráter comum às aventuras oitentistas. Não é à toa que uma das capas variantes presta homenagem ao filme Goonies.