GAME OF THRONES: O INVERNO CHEGOU (SPOILERS)




[Antes de mais nada: spoilers. MUITO SPOILERS. Ok? Ok.]

Mais uma temporada de Game of Thrones terminou e com ela muitas dúvidas foram sanadas e novas possibilidades foram abertas. E tivemos pela primeira vez o cenário onde todos os eventos foram acompanhados de forma inédita sem a pré-roteirização dos livros já que aquele gordo velho preguiçoso não escreve a porra do livro deve estar inventando mais personagens só para poder matar George R.R. Martin ainda não finalizou o próximo capítulo, sendo esta a primeira temporada que antecipa os fatos dos livros – jogando um balde de água fria nos fãs leitores que sempre souberam da história antes dos espectadores. 





Se esta foi a melhor temporada de GoT? Não faço ideia, essa foi a primeira que eu acompanhei já que eu era um dos acima citados leitores que só acompanhavam a história pelos livros. Alguma vez ou outra assistia trechos do seriado por curiosidade de ver determinados momentos retratados em live action. Independente desse meu pedantismo tivemos grandes revelações, começando pela ressurreição de Jon Snow, aliviando os corações de todas as viúvas do personagem – mas nós já tínhamos dito que ele voltaria aqui


Se foi a melhor eu não sei, mas com certeza foi a temporada da confirmação de teorias – o que, novamente, broxou os fãs dos livros uma vez que antecipa situações impactantes. Entre as principais suposições que se tornaram realidade estão a revelação de que o irmão perdido de Ned, Benjen Stark, realmente é o Mãos Frias – personagem que nem havia sido introduzido na série até então – e a
indicação de que o famoso código R+L=J é verdadeiro: Jon Snow é filho de Lyanna Stark com, muito provavelmente, Rhaegar Targaryen, o irmão mais velho de Daenerys que foi morto por Robert Baratheon (ainda lembra dele? Aquele velho gordo beberrão cuja esposa cometia incesto) na Batalha do Tridente durante a revolução pelo Trono de Ferro. A revelação da origem de Jon pode mudar consideravelmente os rumos da série, pois ele seria talvez o herdeiro legítimo dos Sete Reinos – e olha que o Norte ele já conseguiu. Além disso, sua árvore genealógica o torna de fato a canção de Gelo (Stark, Norte, Inverno) e Fogo (Targaryen, Fogo, Dragão). Se bem que essa relação de Gelo e Fogo pode também indicar uma combinação... 



A ressurreição de Jon pelas mãos de Melisandre – que mente a idade, com certeza – não apenas garante o esperado confronto final com os White Walkers e o sugere como a verdadeira encarnação de Azor Ahai mas também brindou os fãs com um dos melhores confrontos bélicos medievais já realizados. A produção da Batalha dos Bastardos entre Jon Snow e Ramsay Bolton foi espetacular, conseguindo colocar os espectadores dentro de um campo de batalha medieval: sangue, confusão, mutilação e corpos. Muitos corpos. 







A sequência teve muitos momentos parecidos com trechos de O Senhor dos Anéis? Teve. Mas encare como plágio, inspiração ou homenagem, a sequência é intensa e muito bem executada. E claro, lava a alma ao mostrar Sansa se vingando de Ramsay, fazendo com que ele prove do seu próprio veneno. 

Foi confirmado que George R.R. Martin esteve envolvido na produção criativa da série, servindo como consultor dos roteiristas. Mas as aparições de falecidos ou considerados mortos como Jon Snow e Sandor Clegane, do então desaparecido Benjen Stark e até da Agulha, a espada que Arya havia escondido mostram que talvez Martin não tenha tido voz muito atuante já que o retorno de personagens nunca foi o seu forte – exceto por Catelyn Stark, a Lady Stoneheart, que curiosamente não foi explorada na série e provavelmente não será. 

Enquanto alguns aspectos ocorridos na temporada eram óbvios, como o retorno da visão de Arya, o reencontro de Sansa e Jon e a retomada de Daenerys ao poder, outros foram surpreendentes. Entre os principais momentos temos a relação do Rei Tommen com o Alto Pardal, tornando-o um rei quase tão patético quanto seu irmão mais velho; a descoberta da origem dos White Walkers, sendo uma arma criada pelas Filhas da Floresta para combater o avanço do desmatamento, talvez; e a triste e heroica morte de Hodor acompanhada da origem do seu nome, elevando a série a um patamar de ficção científica, como se o ambiente político-fantasia-medieval já não fosse o bastante. 


As visões de Bran, inclusive, permitem a abertura de teorias sobre sua verdadeira relevância dentro da série. Se ele foi o motivo que causou o derrame/visualização do futuro de Hodor e ainda foi capaz de chamar a atenção do seu pai no passado, em uma espécie de eco através do espaço-tempo, teria sido ele a causa da insanidade do Rei Aerys II, o pai de Daenerys? Em suas aventuras como o Corvo de Três Olhos ele teria avisado Aerys para que o rei enfrentasse os White Walkers, o que teria tornado o rei paranoico e louco? O seu comando de “QUEIMEM TODOS!” ao invés de se referir aos cidadãos de Porto Real seria uma indicação para queimarem os White Walkers? Só o futuro dirá. Ou no caso de Bran, o passado. 


No restante infelizmente tivemos pouco espaço para Brienne, vimos a morte de mais um Stark (mas tudo bem, a gente nem lembrava do Rickon mesmo), Arya usando suas habilidades módafucka de assassina para vingar o Red Wedding, o Rei Tommen indo brincar de Assassin’s Creed e deixando a coroa para sua mamãe, Daenerys ENFIM navegando para Westeros com três dragões adestrados e um gigantesco khalasar como plataforma de governo, além da introdução de Lady Lyanna Mormont, também conhecida como garota prodígio e melhor personagem de todos os tempos. 

E claro, agora temos como cânone a instauração de teletransporte ou de navios que viajam na velocidade da luz, sendo essas as possíveis explicações para que os irmãos Greyjoy fossem das Ilhas de Ferro até Mereen em pouquíssimo tempo, para que Arya chegasse tão rápido em Westeros vindo de Bravos e a ponte-aérea Rio-São Paulo que Varys fez em Dorne-Mereen. Ah, sim, tivemos Dorne. Mas ninguém se importa com Dorne há algum tempo.



E para apaziguar os corações dos leitores George R.R. Martin afirmou que os eventos dos livros irão se diferenciar do seriado, sendo um produto novo. Mas provavelmente isso é só migué para vender livro porque mudar os fatos apresentados nesta temporada – que seguem a lógica introduzida pelo próprio Martin nos livros – não faria o menor sentido em termos de narrativa. Se bem que um importante e misterioso personagem Targaryen dos livros não foi introduzido no seriado até hoje e, tendo apenas mais duas temporadas até o término do show, ele provavelmente nem dará as caras. Mas isso é papo para outra hora, porque além de descobrirmos que Arya está no caminho para se tornar o Batman nós só podemos torcer que a morte de Tommen anule sua decisão de banir Julgamentos por Combate. Porque ainda precisamos do CLEGANE BOWL!