CRÍTICA: BATMAN V SUPERMAN (COM SPOILERS)






Infelizmente Batman v Superman tem dividido opiniões fervorosas, no entanto a melhor forma de resumir o filme é considerá-lo divertido e admitir que ele falha em contar uma história. Durante o filme vemos diversas homenagens a diversas sagas clássicas dos quadrinhos, como Cavaleiro das Trevas, Crise nas Infinitas Terra, A Morte do Superman, etc. No entanto o auge do filme fica restrito justamente a esses momentos de agrados aos fãs, o conhecido fan service

A premissa do roteiro é muito interessante porém o desfecho encontrado para a situação gera um enorme incômodo. O fator que une os dois heróis no momento do ápice da sua rivalidade é tão esdrúxulo que beira a infantilidade - o que chega a ser cômico levando-se em conta a intenção das obras mais sérias e realistas propostas pela DC. O filme apresenta péssima narrativa e péssima montagem, parecendo um compilado de clipes que tentam fazer algum sentido narrativo pelas mãos do diretor Zack Snyder.

Snyder peca ao tentar apressar a ideia embrionária da Liga da Justiça. A impressão gerada é de que a Warner tenta correr atrás do tempo perdido e da dianteira que a Marvel abriu há alguns anos. Enquanto a Marvel introduziu seus personagens aos poucos para depois reuni-los a DC tenta pegar um atalho e aplicar esse conceito inteiro em apenas um filme. O resultado é uma narrativa perdida que se perde entre o embate principal e as alusões a futura reunião da Liga da Justiça.

Alguns detalhes contam a favor do filme como a rápida aparição do Flash (ba dum tss) e a introdução da Mulher Maravilha - junto com sua ótima trilha sonora - mesmo com a amazona sendo atirada dentro da história. No entanto é curioso reparar que se a personagem não estivesse presente o desenrolar da história seria o mesmo, tal qual Indiana Jones em Os Caçadores da Arca Perdida - oferecimento The Big Bang Theory. Mas um detalhe muito interessante sobre Diana e que pode definir o tom das suas próximas aparições é o fato dela sorrir durante sua luta contra Apocalipse, mostrando que ela gosta da aventura e da violência. Esse conceito de que a Mulher Maravilha sente prazer nas lutas pode ser bem desenvolvido e conceder uma personalidade única à personagem. Além disso as cenas de luta são bem coreografadas, intensas e dinâmicas, ainda que a palheta escura de cores por vezes dificulte a visualização do que ocorre nas batalhas.



Outro detalhe positivo foi a justificativa para a voz do Batman, resgatando o conceito criado por Christian Bale e o modernizando com o uso de um microfone emulador. Ben Affleck inclusive mostra-se impecável tanto quanto Batman como Bruce Wayne. Batfleck deu certo e nós já tínhamos previsto issoPonto positivo também para Jeremy Irons como Alfred, que consegue acumular as figura de mordomo, mecânico e co-piloto, além do caráter paternal que define o personagem. Sua relação com Bruce deve ser mais desenvolvida no filme solo do morcego. 



E também como já tínhamos imaginado o Lex Luthor de Jesse Einserberg foi uma lástima. A reimaginação do personagem em nada lembra o articulador e manipulador político e burocrata. Além disso sua aparente ligação com Apokolips e com a iminente chegada de Darkseid (compreensíveis somente graças a uma cena excluída) parecem novamente um atropelo da narrativa em juntar pontas com o futuro cinematográfico da DC. A ligação de Luthor com algum ser alienígena poderia ter sido realizado um pouco mais adiante quando a ameaça alienígena estivesse mais palpável e consolidada, talvez até mesmo usando a vantagem de seu conhecimento da nave kryptoniana para o surgimento de Brainiac, parceria que já foi explorada nos quadrinhos e em animações da DC.

Ok, talvez não necessariamente destas formas..


E a afobação do estúdio e do diretor Zack Snyder novamente se mostra presente na morte do Superman. A sua luta final contra Apocalipse já possui desfecho esperado (ao menos para os leitores de quadrinhos) no entanto o resultado poderia ser totalmente diferente. Caso a história tivesse sido guardada para um  futuro distante dentro do universo cinematográfico da DC o impacto da morte do Superman poderia ser gigantesco, pois haveria o abalo com a perda do herói e o medo pela sua ausência. No entanto, matar o Superman nesse momento quando já existem filmes da Liga da Justiça para serem lançados torna a morte superficial e irrelevante, já que o seu retorno é algo escancarado - não que se a história ocorresse mais adiante o personagem permaneceria morto, mas a relação seria diferente.

Batman v Superman é divertido ao conseguir unir dois grandes heróis antagonistas no mesmo universo, porém erra ao contar uma história e principalmente em convencer. O filme tenta contar várias histórias ao mesmo tempo e não consegue sucesso em nenhuma delas.